INFLUENCIAS NO ROCK



 


                                             ALEISTER CROWLEY                                   






“O Número 666 chama-se Aleister Crowley. Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei. A lei de Thelema… esta é a nossa lei e a alegria do mundo. Todo homem e toda mulher é uma estrela”.
Quem já ouviu alguma vez o rock bom de Raul Seixas conhece de cor essa frase, presente na música
“Sociedade Alternativa”. O que talvez muita gente não saiba é que este trecho foi extraído de um livro de Aleister Crowley, filósofo e místico inglês que influenciou sobremaneira a música — e boa parte da vida — de Raulzito.

E se você conhece pouco da mística filosófica adotada pelo pai de sucessos como “Rock das Aranhas”, “Gita” e “Ouro de Tolo” e quase nada de seu mentor, acaba de surgir uma interessante fonte de pesquisa. A Editora Madras lançou recentemente a obra “Aleister Crowley – A Biografia de Um Mago”, livro do escritor Johann Heyss que traça um panorama geral sobre a vida, obra e influências desta emblemática figura.

Aleister Crowley, inglês nascido no século 19, foi considerado por muitos como um bruxo e satanista. Sua filosofia e seu discurso se resumiam basicamente no conteúdo presente no “Livro da Lei” e na doutrina conhecida por Thelema (palavra grega que significa vontade) e que foi resumida na letra da música Sociedade Alternativa: “Faz o que quiseres que tudo deve ser da lei. Todo homem é um indivíduo único e tem direito a viver como quiser”.



Crowley, responsável por alguns dos princípios hedonistas mais controversos surgidos nesta época, como a necessidade de se aproveitar os prazeres terrenos, incluindo o sexo e as drogas, é tido como fonte de inspiração de praticamente todas as doutrinas satanistas que se seguiram, embora esta inclinação não fique clara em nenhuma de suas obras. De fato, Crawley considerava-se mais como sendo um anticristão do que um satanista propriamente dito, o que o fez tomar para si a denominação de “Besta 666” como um modo de ofensa à Igreja.

Sua figura controversa despertou muito interesse entre os artistas do rock mundial. Ele é, por exemplo, o sujeito da música “Mr. Crowley”, de Ozzy Osbourne. Também a banda Iron Maiden, no disco “Seventh Son Of a Seventh Son” faz inúmeras citações a trechos de sua obra. Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, foi um dos mais famosos estudiosos da obra de Crowley. Além de adquirir manuscritos e objetos pessoais do bruxo, Page chegou a comprar sua mansão, localizada às margens do Lago Ness, onde Crowley teoricamente faria seus rituais. Crowley também apareceu entre as personagens da capa do disco “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles.

No livro, Johann Heyss esboça sua visão sobre a vida e obra de Crowley, a quem considera como um dos maiores magos do século
XX, uma das figuras mais polêmicas, controversas e influentes da sua época. Segundo o autor, “ele era um ocultista de profunda visão teórica e vasta experiência prática, tanto em ocultismo como em magia”. Deixou registrado o seu conhecimento em obras literárias que são utilizadas até hoje como fonte de estudos e pesquisas. A “Besta 666”, como se autointitulou, estudou e praticou a cabala, geomancia, ioga, meditação, rituais diversos, I-Ching e astrologia. Criou, em parceria com Frieda Harris, o “Tarô de Crowley”, que ficou conhecido como sua obra-prima.

O livro ainda mostra como Crowley buscou desvendar a correlação entre magia, sexo e drogas. Apreciador e produtor de arte, ele estudou mitologia, teosofia e as principais religiões do mundo, além de instituir o sistema de magia chamado Thelema e ser líder mundial da Ordo Templi Orientis (O.T.O.).


Johann Heyss, além de escritor, é também músico e tradutor. Em seu primeiro trabalho, lançou o pioneiro livro “O Tarô de Thoth” (2000), que apresentou o baralho conhecido como “Tarô de Crowley”, seguido desta biografia que agora o apresenta ao grande público. Também é autor de “Iniciação à Numerologia” (1996), “O Que é Numerologia” (2004) e “O Livro dos Números” (2005).
Recentemente o livro “Aleister Crowley – A Biografia de Um Mago” ganhou uma excelente resenha no site ICult Generation, feita por Alonso Lizzard.